sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu quero, eu quero, eu quero...

Dizem que se a gente desejar três vezes, acontece...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

...

Até qualquer dia!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Luto.


descobri há pouco que parte de mim fechou-se em silêncio profundo.
Se bem que há tempos que havia palavras de menos a minha volta.

É a primeira vez que sei da morte de alguém ligado a mim. É estranho. Não sei o que dizer. Eu sei que pessoas morrem, mas é completamente diferente quando é algo que você conheceu, conviveu e que de certa forma fez parte de toda uma composição.

É a primeira vez que sinto a morte passando ao meu lado e é também a primeira vez que ocupo meu pensamento com a morte. Porque até então era apenas uma certeza "morremos desde o momento em que nascemos" mas a partir disso, a morte é apenas uma metáfora. Mas hoje ela é um ato inteiro sendo encenado bem dentro de mim.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dom Jayme de Barros Câmara

Estudei parte da minha vida nesse colégio. Não fiz amigos como todo mundo. Mas fui feliz enquanto vive entre os seus. Tive bons momentos por lá. Um punhado de histórias engraçadas e outras tristes. A verdade é quando eu comecei a gostar de lá, os estudos acabaram.

Os professores eram bem legais. O seu Chico (história). A dona Zélia (português). O Daniel (física). A dona Penha (geografia). Dona Leda (Educação Moral e Cívica). Eva (desenho artístico). Fernando (ed. física). Não me lembro de todos. Não tem jeito. Mas eu me lembro do cansaço que eu sentia em percorrer sempre os mesmos caminhos. A gente ía para a escola em comboio. A mãe da Aline tinha carro e levava todo mundo junto para a escola. Um dia me irritei com eles por causa das brincadeiras bobas que faziam. Aquela mania que criança tem de dar apelido pra todo mundo. Deram apelido de casquinha para a menina das queimaduras (ela tinha se queimado com feijão) e eu achei aquilo horrível. Cruzei os braços e fiquei quieta no meu mundo. No dia seguinte eu não fui com eles. Fiz o caminho sozinho. Minha mãe só foi saber que eu estava indo para a escola sozinha porque a mãe da Aline (dias depois) quis saber porque eu não estava mais indo para a escola com eles.

E toma discurso pronto. Ouvi um monte de bobagens. Quer dizer: minha mãe deve ter dito um monte de bobagens porque a boca dela se mexia tanto quanto seus dedos. Mas eu não me lembro de nada. Olhava pra ela com um olho só, com os dois. As vezes ela se transformava em duas e a vida seguia. Voltei a fazer parte da turma. Mas um dia a gente cresce e andar pela cidade sozinha não tem mais perigos, afinal, Sumaré é uma cidade do interior e a Vila Juliana sempre foi algo tranquilo...

Mas eu conclui meus estudos em 1998. O colégio continua lá. Hoje ele foi dividido em dois. Uma parte escola, outra Delegacia de Ensino, mas quando passa na rua dá pra ouvir os gritos eufóricos de suas crianças crescendo sem saber absolutamente nada de destino e reclamando de suas rotinas colegiais. Eu já fui assim, sabia?

quarta-feira, 18 de maio de 2011

eu não sou outro

Não gosto muito de Fernando Pessoa. Eu leio, mas não morro de amores por sua genialidade, mas ao ler um de seus poemas no meio da tarde de hoje, me surpreendi lendo a mim mesma. Estranho, mas senti falta de alguém que eu deveria ser, mas não sou.

As coisas na minha vida acontecem sem que eu planeje. Quando dou por mim já estou lá e não há como voltar atrás; até porque não gosto de dar passos rumo ao passado. Lembro que acordei um dia e estava fazendo faculdade. Acordei no outro e estava vivendo em São Paulo. Voltei pra cama e quando acordei já era editora de revista. Tudo assim. Cansei e resolvi mudar o rumo da história. Não deu certo. Acordei de novo e cá estou na cidade onde eu cresci, há poucos metros da casa onde eu nasci e cresci... É tão estranho passar naquela rua. Eu conheço suas laterais. Está tudo igual. As casas ainda são as mesmas, mas algumas pessoas se foram. Não há mais espaços como antes porque houve um tempo em que para ir para a rua de baixo brincar era só atravessar um terreno baldio, mas "plantaram" uma casa lá. Que saco (rs).

A Valéria não mora mais lá, nem a dona Ana e tão pouco a mãe do Claúdio. A dona Ilza continua sendo a vizinha do lado. O ferro velho do seu Prado também continua naquela casa velha, caindo aos pedaços. Aprendi a ler em suas ilusões de mesas e cadeiras, feitas de pneus e paletes de madeira. A dona Maria, avó da Aline morreu. A mãe da Aline fugiu e o pai de se matou de desgosto. O irmão dela sumiu. A dona Rafaela continua costurando pra fora e os filhos dela continuam "amigos"  e ela adora vê-los juntos. Ela continua cantando a união de seus filhotes.  Coisa estranha. O coronel continua mandando na rua e tem seu posto na calçada como antes, mas esta com os cabelos brancos. A cara continua azeda. A espanhola voltou para sua terra (não sei dizer se ela era mesmo espanhola) mas dançava com roupas coloridas, logo... A Bia continua com as marcas no rosto. Ela se queimou quando tinha cinco anos. Foi um alvoroço na rua. O algodoal atrás da casa não existe mais. E claro: tem muita gente estranha na rua. A casa onde eu cresci continua lá, com a goiabeira no meio do quintal, as flores, o caminho para a garagem que nunca teve carro e as janelas verdes a dar para o horizonte.

Queria rever minhas coisas, mas sei que já foram para o lixo. Há pessoas que não perdoam quando você não segue a marcha e eu não segui. Não quis ser igual a essa gente que passa o dia contando histórias das vidas alheias. Como me dói certas coisas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Verso novo.

A tristeza nos olhos
Por dentro das pálpebras
Para frente da face
Lágrimas antigas, reinventadas
Quando o sino toca ao longe
Lembrando as campinas de ontem
No passo mais breve
Nas manhãs mais humanas
De sol e sopro de vento
De trem no horizonte
E lagoas com peixes a espera de anzóis
Meia dúzia de lambaris no embornal
E o caminho para casa feito entre as pedras
A reclamação de que não vive
A certeza de que tudo morre
As casas fazem sombra
As meninas penteiam os cabelos das bonecas
Os meninos tropeçam junto a bola
E eu no meio do caminho
A esperar pelo trem na janela
Ele veio com seus dois ou três vagões
Levam punhado de sonhos
Deixam alguns pesadelos

Cresce menina, porque a vida não espera!


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Coisa da infância

Cresci numa dessas vilas.
Só fui me lembrar disso ao ler um post sobre a infância no blog de uma escritora. Eu não sinto saudades da minha infância. Ela não foi ruim. Foi comum, igual a de todo mundo.
Mas não penso com frequencia...

Na rua onde eu cresci tinha casas e terrenos baldios. Lembro que a nossa casa ficou pronta no verão e a rua não tinha asfalto. Isso quer dizer que quando chovia era uma comédia porque a terra virava lama e as conguinhas não resistiam. Mudavam de cor.

Eu era vizinha da dona Ilza que teve uma filha pouco tempo depois de eu me mudar pra lá. Michele e eu nos tornamos amigas. Mas eu não sei dizer como isso aconteceu. Ela ainda mora aqui na cidade, mas a nossa amizade se perdeu entre os meus oito ou nove anos porque eu nunca tive muita paciência com pessoas e ela era uma pessoa (obvio).

A nossa rua tinha suas lendas. Como todas as ruas tem. Na casa da frente morava a avó da Aline que era uma senhora chata que vivia implicando com todo mundo. Ela tinha um galinheiro no fundo do quintal, entre outras coisas. Um dia ela viajou e nós resolvemos invadir o quintal da casa dela. Foi uma dessas aventuras de infância. Não tinha nada de excepcional, mas não sei porque, todas as crianças achavam que lá tinha corpos, macumbas feitas e tudo mais que a imaginação de crianças do interior conseguissem pensar.

Era a nossa versão tupiniquim daquele filme "os goonies".