Cidade pequena...

Aconteceu um intervalo no mundo, um desses breves que duram alguns minutos e você sabe bem que alguma coisa está acontecendo. Foi assim comigo. Eu morava numa cidade grande, cheia de gentes, barulhos, tormentos. Tinha quase tudo que eu precisava ter. Construi coisas, inventei outras. Fiz sucesso como eu sempre desejei e me sentia sozinha e não era por causa da multidão.

Um dia eu acordei e fui caminhar lá fora, fiquei olhando aquela confusão urbana e não sabia dizer o que eu estava fazendo por lá. Voltei pra casa, fiz as malas e disse adeus a confusão.

Hoje estou aqui, nessa cidade de quatro direções. Tudo aqui é perto e as lojas fecham um pouco antes das seis. Só uma rua movimentada e é justamente nela que fica o comércio. Como de costume há uma praça em frente a igreja, eu não sou cristã, mas gosto de me sentar naqueles bancos e ficar ouvindo o rapaz tocando o piano, se preparando para a missa das seis. Hora da ave Maria. Só senhoras com véus aparecem, um ou outro senhor cujo único desespero é estar sozinha. Nunca ouço o que o padre diz, mas me sinto bem e feliz.

Muita gente faz o caminho inverso. Tudo bem pra mim porque eu sempre achei que andava na contra mão mesmo.