segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Maldito hábito.

Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem."

Lya Lyft

Adorei isso, sabe? Aliás, eu gosto bastante da Lya Lyft. O jeito de escrever, de dizer o que sente. Acho que ela transcende alguma coisa. Gosto muito disso.
Hoje o dia esta calmo por aqui, amanheceu chovendo e a paisagem está linda. Mas infelizmente não vai dar pra caminhar. No sábado eu descobri umas trilhas novas e durante o meu passeio pensei em escrever sobre isso.
Engraçado isso, você abandona a carreira, mas não abandona alguns hábitos. Acho que isso leva tempo. Não é mesmo? Acho que sim. Enfim, não sou mais editora, não sou mais jornalista e agora vou tentar escrever meu romance. Eu tenho uma idéia em mente, sabe? Mas não sei ainda como tirar isso daqui de dentro.
Até pouco tempo atrás eu não pensava em escrever um romance. Aliás, isso nunca me passou pela cabeça. Nem sei de onde isso surgiu. Eu sei que eu sou uma pessoa confusa. Ninguém precisa gritar isso por aí.
Eu vou lá observar a chuva e ler poesia.


Paticularidades

Muitas vezes, a sós, eu me analiso e estudo,
Os meus gostos crimino e busco, em vão, torcê-los
É incrível a paixão que me absorve por tudo
Quanto é sedoso, suave ao tato: a coma... os pêlos...

Amo as noites de luar porque são de veludo
Delicio-me quando, acaso, sinto pelos
Meus frágeis membros, sobre o meu corpo desnudo
Em carícias sutis, rolarem-me os cabelos.

Pela fria estação, que aos mais seres eriça
Andam-me pelo corpo espasmos repetidos,
Ás luvas de camurça, aos boas, a pelica...

O meu tato se estende a todos os sentidos,
Sou toda languidez, sonolência, preguiça,
Se me quedo a fitar tapetes estendidos.

Gilka Machado

Um comentário:

Anônimo disse...

Como que queria poder parar tudo agora e ler poesias, apreciar a noite e suas estrelas em meio ao mar...

Amei demais o texto da Lya, realmente não conhecia e adoorei, verdadeiro e perfeito!

Beijos